Impactos do Surto da Peste Suína Africana na China para a Suinocultura Brasileira
A Peste Suína Africana (PSA) é uma doença infecciosa de etiologia viral de fita dupla pertencente à família Asfarviridae, exclusiva da espécie suína, sem vacina e sem tratamento, que pode se apresentar e se manifestar tanto como um quadro agudo, como de forma subclínica. Quando se trata de um quadro agudo, a mortalidade provocada por ela é de 80% a 100%, por isso apresenta um extremo impacto econômico, podendo eliminar por completo a atividade suína de um país, correspondendo ao quadro preocupante da produção suína na China desde o primeiro surto.
A China reportou o primeiro surto da doença à Organização Internacional de Sanidade Animal – OIE em 2018, e a doença rapidamente se espalhou. O mercado apontou que o rebanho suíno na China diminuiu 13% em 2019. A doença dizimou 60% do plantel do país, desequilibrando o mercado global a partir de 2018. Nesse cenário, o Brasil atua como maior fornecedor externo de carne suína para a China. Antes da crise PSA chinesa, o Brasil exportava para o mercado chinês somente as partes congeladas de suínos de baixo valor comercial. Desde então, foi observado um aumento de mais de 100% nos preços de exportação da carne suína brasileira para a China, devido à estratégia de abate antecipado de animais e matrizes que alguns abatedouros chineses adotaram para evitar que a doença atingisse seus plantéis.
O controle PSA no rebanho chinês de porcos segue complicado, sendo que 11 surtos foram oficialmente reportados neste ano de 2021 envolvendo 8 províncias, com 2.216 animais sacrificados e com novas variantes do vírus também presentes, segundo autoridades do Ministério da Agricultura do país. Por causa disso, entre janeiro e setembro de 2021, a China foi responsável por 58% das 776 mil toneladas de carne suína exportadas pelo Brasil.
O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os embarques em setembro totalizaram cerca de 112 mil toneladas, volume quase 30% maior que o registrado no mesmo período de 2020 – um recorde histórico para o setor. Do total embarcado, mais da metade teve como destino a China devido ao atual cenário da queda da produção suína chinesa por causa da PSA. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador, a dependência do mercado brasileiro é preocupante, mas é preciso aproveitar o momento positivo da produção de carne suína.
A situação da China é um exemplo de alerta para que o Brasil reforce as medidas de biosseguridade na suinocultura e em todos os ramos de produção alimentar, visto que o primeiro caso de PSA já foi reportado em julho deste ano, na América, na República Dominicana. O Brasil deve assegurar as medidas de proteção necessárias na produção perante a elevada dependência desse mercado na economia do país.
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Escrito por: Amanda Sousa
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